O voluntariado corporativo é uma iniciativa fomentada por empresas para apoiar os funcionários que desejam ser voluntários. A empresa oferece suporte, estrutura e recursos para uma atuação consciente nas comunidades, em ações e projetos que apoiem causas diversas.
É um pilar relevante da sustentabilidade empresarial. Compõe o “s” de social no tão falado ESG (environmental, ou meio ambiente, social e governança). Quando bem estruturados e realizados, os programas de voluntariado empresarial são ferramentas poderosas para promover ambientes de trabalho e relações mais felizes e saudáveis e para contribuir e ampliar as oportunidades das comunidades.
Segundo a pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, são 57 milhões de brasileiros que praticam o voluntariado. Deles, 15% engajaram-se como voluntários por meio de programas empresariais, um dado realmente expressivo para o movimento do voluntariado, destacando o compromisso das empresas em maximizar a mobilização e o engajamento das pessoas para causas e públicos de conexão.
A pesquisa também analisou opiniões, percepções e perfis sociodemográficos dos participantes com o objetivo de mapear grupos similares e comportamentos dos voluntários. Nesse processo, foram utilizadas as respostas de 1.546 voluntários de oitos capitais brasileiras: Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Essa análise gerou informações poderosas: a relação dos voluntários com os temas de engajamento, confiança e contribuição; e também as personas, ou seja, os diferentes perfis das pessoas voluntárias e suas características.
O engajamento está atrelado ao valor percebido: as pessoas sentem-se engajadas naquilo em que enxergam valor. Engajar voluntários é bastante desafiador, mas, quando o voluntário enxerga valor nas ações tanto para si próprio quanto para o público beneficiado, a “mágica” acontece.
O indicador do grau de engajamento foi construído conforme a concordância (ou não) com alguns indicadores baseados em afirmações, tais como: o aumento do interesse em realizar atividade voluntária na pandemia, a realização do voluntariado pela família, o incentivo pela empresa, o reconhecimento ou não da atividade voluntária pela população brasileira, entre outras.
A confiança é um elemento fundamental quando falamos em doar tempo, trabalho e talento. É preciso acreditar na causa, assim como na organização e em seus projetos e ações. Isso também é uma forma de enxergar valor. De acordo com o dicionário Michaelis, a confiança pode ser definida como “credibilidade ou conceito positivo que se tem a respeito de alguém ou de algo; crédito, segurança”. Assim sendo, é um tributo que encoraja os voluntários a participarem e a se engajarem!
O indicador da confiança no trabalho voluntário, para esta pesquisa, foi desenvolvido com base nas respostas quanto a se os respondentes confiavam muito, pouco ou nada no trabalho voluntário promovido por empresas, pelo governo em geral, por organizações da sociedade civil, por instituições religiosas e por associações de bairro, escolas e universidades.
No que se refere à contribuição das atividades voluntárias para o desenvolvimento humano e social no país, o indicador também foi baseado na concordância ou não com alguns temas: erradicação da pobreza e fome, promoção da igualdade de gênero e a autonomia das mulheres, adoção de medidas de combate e de conscientização dos efeitos da mudança climática, combate de doenças, promoção da educação básica universal, promoção de uma agenda de sustentabilidade ambiental, cultura de paz e colaboração para o bem comum.
Os três indicadores revelaram grupos com alto e baixo engajamento, alta e baixa contribuição, assim como alta e baixa confiança. A mescla dessas dimensões construiu as quatro personas que ilustram o perfil do voluntário no Brasil em 2021. São elas:
• Realizador – Destaca-se por apresentar alta confiança em organizações da sociedade civil que realizam trabalho voluntário, engajamento forte e avaliação mais otimista sobre a contribuição do voluntariado. Representa 39% da população e é o mais satisfeito com sua atuação e o que mais realiza atividades organizadas por empresas.
• Engajador – Destaca-se por apresentar confiança mais baixa em organizações que realizam trabalho voluntário, porém apresenta engajamento forte e avaliação otimista sobre a contribuição do voluntariado. Retrata 21% das pessoas: as que mais dedicam horas mensais a suas atividades, além de as realizarem com mais frequência.
• Mobilizador – Destaca-se por apresentar confiança mais baixa em organizações que realizam trabalho voluntário e por ser o menos otimista com relação à contribuição do trabalho voluntário, porém apresenta engajamento forte. Compõe também 21% da população e, entre os públicos que atende, destaca-se pelas atividades com a população em situação de rua.
• Motivador – Destaca-se por apresentar confiança mais baixa em organizações que realizam trabalho voluntário, por ser menos otimista com relação à contribuição do trabalho voluntário e por ser o menos engajado. Representa 19% da população. Metade avalia que faz menos do que deveria. E um ponto curioso é ele que apresenta conhecimento acima da média sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Conhecer as personas para compreender os diferentes perfis e suas principais características ajuda a pensar em novas ideias para captar a atenção e a dedicação de mais gente. Trabalhar com as personas é uma oportunidade de atuar com empatia, entender comportamentos e trazer soluções focadas em cada perfil.
O Programa de Voluntários das Nações Unidas publicou em 2022 mais uma edição do Relatório sobre o Estado do Voluntariado Mundial de 2022, intitulado Construindo Sociedades Iguais e Inclusivas. De acordo com o estudo, o voluntariado desempenha papel central no fortalecimento das relações entre o povo e o Estado, promove melhor governança, ajuda a construir sociedades mais igualitárias e inclusivas, além de promover estabilidade.
É posta a relevância cada vez maior do movimento! E é nossa responsabilidade fomentar o tema, contribuir para a sociedade, engajar pessoas e oferecer confiança.
Confira as dicas de mobilização atreladas a cada persona apresentada pela pesquisa e use-as como inspiração para identificar os perfis em seu programa de voluntariado corporativo:
O perfil realizador é aquele “ponta firme” para apoiar as ações de mobilização. Convide-o para dar depoimento, compartilhar sua experiência, estimular o papo no escritório sobre como foi ou como será tal ação e propicie desafios com novas ideias para mantê-lo motivado.
Para o perfil engajador, é importante trazer os resultados percebidos pela organização e aproximar esse contato, estimular um diálogo e uma troca mais rica sobre as ações voluntárias e seu potencial de transformação.
Com o perfil mobilizador, é preciso trabalhar a percepção do valor como um todo, mostrar significado explorando oportunidades. Valorize a diversidade de públicos que podem ser beneficiados, mostre resultados, dê opções para diferentes formas de participação (online e presencial). Convide-o para experimentar.
Por fim, com o perfil motivador, vale reforçar os benefícios do voluntariado para todos os envolvidos (voluntário, empresa, organização/ sociedade). Traga pessoas dos outros perfis para compartilhar experiências e promova uma rica troca!
Uma experiência de voluntariado que estabelece um propósito e cria oportunidade para reflexão e discussão pode mudar a forma como as pessoas pensam, se comportam e agem no trabalho, em casa e na comunidade. E, com isso, pode gerar impacto positivo e a transformação necessária para enfrentar os desafios do mundo em que vivemos.
